(Agosto de 2011)

Category :


Que a lembrança de seus lábios cantando uma canção desconhecida, de seus pés e mãos tamborilando no ritmo desta, e de seus olhos calmamente fechados vai me assombrar pelo resto da vida eu não tenho dúvida.  Que o olhar sereno que lançou em minha direção e as palavras expressas durante o contato visual (que em minha mente não foram contados em segundos terrenos, aliás) ainda estão gravados em minha alma, eu sei. Que o local em que tocou minhas costas queima até hoje me é perfeitamente claro. Que seu simples gesto de despedida me fez esquecer subitamente quaisquer resquícios de mágoa por amor não correspondido tornou-se claro pra mim há alguns dias. Disso tudo eu tenho plena consciência. A única coisa que me questiono é o que diabos o destino/acaso reserva para esse sentimento. Confesso que o silêncio que recebo em resposta a essa questão me causa terror e deleite. Confesso que às vezes quando a brisa suava da noite toca meu rosto, fecho meus olhos e permito que aquelas insignificantes lembranças inundem os labirintos de minha mente. Confesso, se me perdoa o ridículo dessa expressão, que foi amor a primeira vista, isto é, se é que essa coisa que chamam de amor existe. Confesso que sua imagem gravada em minha mente funciona como um patrono, que me mantém aquecido no meio dessa multidão de dementadores que é esse monte de lixo humano que me cerca. Confesso que não vou deixar isso passar e que, enquanto estiver aqui dentro, não preciso de mais nada. Nada mais importa.

0 comentários:

Postar um comentário